Depois de conquistar dois acessos da Terceira para a Segunda Divisão, faltava ao técnico Léo Condé chegar à elite do futebol nacional. E o esporte, algumas vezes, foi cruel com o treinador, que "bateu na trave" três vezes nos últimos anos. Mas nada que o tempo e o trabalho não curem. No último domingo, Condé compensou os "quases" ao alcançar o grande objetivo à frente do Vitória.
Léo Condé comandou o Vitória durante toda a campanha do acesso na Série B — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória
"Sentimento de satisfação muito grande, de dever cumprido. Fui contratado pelos bons trabalhos que eu fiz anteriormente para tentar subir o Vitória. Tivemos um início muito complicado, muito turbulento, mas conseguimos nos organizar para fazer uma campanha consistente", disse Condé após o acesso.
O Vitória conquistou o acesso para a Série A com duas rodadas de antecedência e agora mira o título da competição. Mas este não é o primeiro trabalho sólido de Léo Condé, que já tinha boas campanhas pelo Sampaio Corrêa em 2015, 2020 e 2022. No ano passado, inclusive, o time liderado pelo técnico ficou na 5ª posição da Segundona, com 58 pontos, quatro a menos que o Vasco, último classificado no G-4.
Embora não tenha chegado tão próximo do acesso em 2015, com o Sampaio Corrêa, Léo Condé também teve trabalhos de destaque. Naquele ano, o clube alcançou a sua melhor campanha na Segundona e até tentou manter o treinador para 2016, mas não conseguiu.
Condé retornou ao Sampaio Corrêa em 2020 para mais uma boa campanha na Série B, ao fazer a equipe candidata a rebaixamento ter chances de acesso.
Os "quases" de Léo Condé na Série B
Time | Anos | Pontos | Posição na tabela | Distância para o G-4 |
Sampaio Corrêa | 2022 | 58 | 5º | 4 pontos |
Sampaio Corrêa | 2020 | 57 | 6ª | 4 pontos |
Sampaio Corrêa | 2015 | 58 | 8º | 7 pontos |
Diante de toda essa experiência, Condé, logo na sua apresentação como técnico do Vitória, mostrou confiança no acesso do clube. E olha que ele recebeu um time em má fase, perto de eliminações precoces em todas as competições disputadas no primeiro semestre (algo que não demorou a ser sacramentado). Na época, só os mais otimistas acreditavam que seria possível terminar a competição no G-4.
Léo Condé, durante passagem pelo Sampaio Corrêa em 2022 — Foto: Ronald Felipe / SCFC
E a previsão deu certo. Na verdade, ela foi até modesta, uma vez que o Vitória foi bem além disso. O Rubro-Negro não só conquistou o acesso com antecedência, como tem o título da competição encaminhado (veja aqui o que falta).
Sucesso na Série C
Antes de subir para a Série A pela primeira vez, Léo Condé já tinha mostrado suas credenciais na Série C, competição que também conquistou acessos e ficou marcado em clubes como o Botafogo-SP – foi eleito melhor treinador da década – e Novorizontino. Neste último caso, conseguiu levar a equipe para a Segunda Divisão de forma inédita.
Campanhas de destaque de Léo Condé nas séries B e C:
- 2015 (44%) – 8º lugar da Série B com o Sampaio Corrêa;
- 2018 (52%) – Acesso para a Série B com o Botafogo-SP;
- 2020 (53%) – 6º lugar da Série B com o Sampaio Corrêa;
- 2021 (64%) – Acesso para a Série B com o Novorizontino;
- 2022 (49%) – 5º colocado da Série B com o Sampaio Corrêa.
- 2023 (63%) – Acesso para a Série A com o Vitória.
Léo Condé teve trabalho de destaque no Novorizontino — Foto: Victor Gonçales/Novorizontino
Primeira experiência na Série A
Mas a caminhada de Léo Condé no Vitória foi das mais complicadas. Ele assumiu o time no empate por 1 a 1 contra o Jacuipense, pela 8ª rodada do Campeonato Baiano, e teve um longo jejum de sete partidas sem saber o que é vencer. Foram quatro empates, três derrotas e três eliminações em sequência, na Copa do Brasil, Copa do Nordeste e Baianão.
Técnico Léo Condé em noite de Vitória x Chapecoense — Foto: Victor Ferreira/EC Vitória
Mas há quem diga que as eliminações foram positivas para o Vitória, já que o elenco teve uma pausa de 40 dias para se preparar para a Série B e assimilar as ideias do treinador. Após essa "intertemporada forçada", o Rubro-Negro começou a Segundona com tudo e garantiu 100% de aproveitamento nas primeiras cinco rodadas, mostrando desde o início que era forte candidato ao acesso.
Léo Condé é um dos destaques da campanha de acesso do Vitória — Foto: Victor Ferreira/EC Vitória
Ao longo do campeonato, Léo Condé fez boa gestão do elenco, encontrou alternativas para desfalques e contornou as oscilações. Tanto que o Vitória ficou fora do G-4 apenas duas vezes, nas rodadas 15 e 16.
Agora resta saber como vai ser a primeira experiência de Léo Condé na Série A do Campeonato Brasileiro. Pelo menos essa é expectativa. Em entrevista ao podcast Segue o BAba no início de outubro, Fábio Mota, presidente do Vitória, garantiu que o treinador ficaria no clube em caso de acesso.
Fábio Mota revela desejo de permanecer com Condé em caso de acesso à Série A
Contudo, antes de pensar em 2024, Léo Condé tem ainda muito a celebrar. Uma comemoração que pode ainda ser maior com o título antecipado da Série B, que pode acontecer sem que a equipe precise entrar em campo novamente. E para quem teve tantos "quases" na carreira, ter dois momentos de celebração é mais do que justo.
*Estagiário sob supervisão do editor Ruan Melo
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