Eleito pelos sócios, destituído pelos sócios.
Paulo Carneiro já não faz mais parte do cenário político do Vitória. Pelo menos não de forma oficial. O cartola viu sua passagem pelo clube chegar ao fim na manhã deste sábado, durante a realização de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE), no Barradão, onde os sócios do Rubro-Negro votaram pela destituição do gestor.
A saída de um presidente após votação dos associados é inédita na história do clube, que, apesar de centenário, só recentemente abraçou a democracia.
Cerca de 150 sócios estiveram no Barradão e votaram pela destituição de Paulo Carneiro.
Sócios presentes na AGE que destituiu Paulo Carneiro — Foto: Renan Pinheiro/TV Bahia
Como o vice-presidente Luiz Henrique Viana já havia renunciado ao cargo, o clube passa a ser gerido de forma oficial por Fábio Mota. O presidente do Conselho Deliberativo já estava no comando desde outubro do ano passado, interinamente.
O estatuto do clube prevê a realização de novas eleições, mas apenas no fim da temporada, porque Paulo Carneiro cumpriu mais de 5/6 do seu mandato. O ex-presidente se torna inelegível para qualquer cargo político no Vitória pelos próximos sete anos.
Paulo Carneiro
Fábio Mota (esquerda) e Paulo Carneiro (centro) foram aliados na eleição de 2019 — Foto: Maurícia da Matta/E.C. Vitória/Divulgação
Paulo Carneiro foi eleito presidente em abril de 2019 e estava afastado do cargo desde setembro do ano passado, após o Conselho Deliberativo do Vitória aprovar parecer da Comissão de Ética que apontou indícios de gestão temerária.
Veja abaixo as infrações apontadas pela comissão que investigou a gestão Paulo Carneiro:
- Ausência de um contrato entre o clube e a empresa Magnum, que recebeu R$ 3.586.068,00 do Vitória;
- Adiantamento de remunerações feito por Paulo Carneiro, presidente do Conselho Diretor, durante a pandemia.
Crise política
Eleito em uma chapa que contava com apoio de ex-presidentes do clube, Paulo Carneiro perdeu força política ao longo do tempo. Nos bastidores, criticava-se a postura centralizadora do gestor, que não conseguiu contornar a crise financeira nem dar resultados dentro de campo. Ex-apoiadores, Ademar Lemos, Manoel Matos e Alexi Portela romperam com o dirigente.
Paulo Carneiro e Alexi Portela nos tempos de aliados na Toca do Leão — Foto: Ascom / Vitória
Paulo Carneiro também entrou em atrito com o Conselho Fiscal do clube, que fez denúncias sobre a dificuldade de fiscalização, além de apontar irregularidades na gestão. A partir delas, uma comissão processante foi criada pelo Conselho Deliberativo para investigar a gestão.
Na gestão Paulo Carneiro, o Vitória amargou lutas contra o rebaixamento na Série B e foi eliminado ainda na primeira fase do Campeonato Baiano. Presidente desde o afastamento, Fábio Mota não conseguiu evitar a queda do time para a Terceira Divisão em 2021.
Vitória terminou o ano de 2021 rebaixado para a Série C do Brasileiro — Foto: Pietro Carpi / EC Vitória
Na atual temporada, o gestor segue com problemas em campo. O Rubro-Negro caiu na primeira fase do Campeonato Baiano e está na zona de rebaixamento da Série C, após seis rodadas disputadas.
*Sob supervisão do repórter Rafael Teles
Veja também