A movimentada cadeira dos técnicos da elite* do futebol brasileiro esfriou com a paralisação das atividades por conta da pandemia do coronavírus. Sem a bola rolar desde março, os treinadores dos principais clubes do país mantiveram seus cargos intactos, apesar das reduções de salário. Com isso, o período atual superou o recorde ocorrido entre 2015 e 2016 para estabelecer um novo marco de tempo sem saída de treinadores desde 2003: são 71 dias, pelo menos até esta quarta-feira.
O último técnico a deixar um clube foi Enderson Moreira, na noite do dia 17 de março. Na ocasião, o treinador aceitou o desafio de comandar o Cruzeiro rumo à Série A e trocou o Ceará pela Toca da Raposa. Ele, porém, ainda não estreou à frente do time mineiro em jogos oficiais.
Foto do anúncio de Enderson Moreira como técnico do Cruzeiro no dia 18 de março — Foto: Divulgação
Sem a bola rolar, as diretorias optaram por manter os atuais treinadores durante o período sem futebol. A única mudança desde então foi a efetivação de Ramon Menezes como técnico do Vasco. O Cruz-Maltino estava com o cargo vago desde 16 de março, dia que Abel Braga pediu demissão do clube carioca. Esta foi a principal notícia da dança de cadeiras durante a pandemia. Com a ausência de jogos, o "risco" de demissões diminui.
Isso porque o principal motivo de demissões ou saídas de técnicos no Brasil são sequências negativas de resultado e eliminações de competições, conforme análise de mais de 1300 trabalhos em 28 clubes do Brasil. Como o futebol está parado desde março, o período atual conseguiu superar um recorde que perdurava desde o início de 2016. Naquela época, a elite do futebol brasileiro ficou 70 dias sem registro de saídas de técnico. Confira o top-10 de períodos sem mudanças de comandantes na elite do país:
Períodos sem saída de técnico na elite do Brasil
Primeira saída | Segunda saída | Período sem saída de técnico |
Enderson Moreira (Ceará) – 17/03/2020 | – | 71 dias |
Mano Menezes (Cruzeiro) – 06/12/2015 | Vinícius Eutrópio (Ponte Preta) – 14/02/2016 | 70 dias |
Oswaldo de Oliveira (Corinthians) – 15/12/2016 | Marquinhos Santos (Figueirense) – 16/02/2017 | 63 dias |
Ferdinando Teixeira (Bahia) – 15/12/2008 | Márcio Fernandes (Santos) – 12/02/2009 | 59 dias |
Pingo (Avaí) – 24/05/2014 | Dado Cavalcanti (Ponte Preta) – 21/07/2014 | 58 dias |
Celso Roth (Cruzeiro) – 03/12/2012 | Alexandre Gallo (Náutico) – 30/01/2013 | 58 dias |
Antônio Lopes (Athletico-PR) – 06/12/2011 | Vanderlei Luxemburgo (Flamengo) – 02/02/2012 | 58 dias |
Márcio Araújo (Bahia) – 02/12/2010 | PC Gusmão (Vasco) – 28/01/2011 | 57 dias |
Dorival Júnior (Flamengo) – 11/12/2018 | Mazola Júnior (Ponte Preta) – 06/02/2019 | 57 dias |
Vanderlei Luxemburgo (Santos) – 13/12/2007 | Saulo (Paraná) – 06/02/2008 | 55 dias |
* Clubes do levantamento: América-MG, Athletico-PR, Atlético-MG, Avaí, Bahia, Botafogo, Ceará, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Figueirense, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Internacional, Náutico, Palmeiras, Paraná, Ponte Preta, Santa Cruz, Santos, Sport, São Paulo, Vasco e Vitória